A semana passada falamos sobre o início da jornada de
Neemias para Jerusalém. Agora que ele está na cidade para começar a
reconstrução, vamos ver hoje as reações dos habitantes de Jerusalém, e dos
inimigos da nação de Israel. Sem dúvida fazia parte do trabalho dele: animar o
povo, e lutar contra os adversários.
A chegada a Jerusalém... Aparecem os Inimigos
(9) Então fui ter com os governadores dalém do Rio, e lhes entreguei as cartas do rei. Ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército e cavaleiros. (10) O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, ficaram extremamente agastados de que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.
Neemias chegou com uma comitiva de oficiais e cavaleiros,
com certeza deve ter sido impressionante ver isso! Um judeu vindo da capital
para fazer o que? Ninguém sabia as razões que trouxeram Neemias até Jerusalém,
mas uma coisa era certa: não era para descansar. Isso trouxe como resultado a
manifestação dos inimigos.
(19)O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesem, o arábio, zombaram de nós, desprezaram-nos e disseram: O que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei? (20) Então lhes respondi: O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.
Inimigos antes do que os aliados
É surpreendente como os inimigos se levantam primeiro na
hora de ter um projeto. Conformismo, controle, manipulação são algumas das
armas que as pessoas usam para manter sob opressão a outros (mais na frente
vamos ter as armas que os inimigos de Israel usaram para manter o desanimo no
povo). Antes sequer de Neemias falar alguma coisa, já os inimigos perceberam
que ele viria em favor dos filhos de Israel, o que quer dizer que eles sabiam
que o tempo de domínio e opressão estava próximo a se acabar.
Repare que os inimigos são sutis, eles não falam
abertamente, quando Deus levanta alguém para restaurar os humilhados, Satã
levanta os inimigos para incomodar a obra do Senhor. E como veremos mais na
frente, os inimigos são tanto externos como internos. Neste caso, são externos:
um horonita (aparente da cidade de Horonaim, moabita) e um amonita (no verso 19
aparece Gesem, árabe)
Desagrado
A razão pela qual Sambalate e Tobias queriam faziam oposição
a Neemias era por causa de ter alguém que procurasse o bem-estar da nação de
Israel, não era inveja, era o desejo de não quer que ninguém apoiasse uma nação
que já governou sobre seus povos na antiguidade.
As razões que leva as pessoas a não querer apoiar aos homens
de Deus são diversas, porém quando o assunto é liberdade, uma das reações é o
medo de perder os escravos.
Medo é uma das ferramentas mais eficazes para controlar, Faraó
tentou fazer isso quando Moisés pediu para ele à libertação da nação de Israel:
ele acrescentou tarefas e obrigou o povo a manter a produção, assim ele manteve
os corações aflitos e dominados pelo medo. Ao ponto que os israelitas, após a
liberação milagrosa, desejaram muitas vezes voltar à escravidão para não ter
que passar fome ou lutar contra as adversidades.
Lutar contra a humilhação trará como consequência uma luta
contra os líderes que oprimem o povo, no começo eles até que poderiam se tornar
prestativos, quando na verdade estão tentando controlar o homem de Deus para
que mantenha a situação assim como ela está, deixando eles no comando e obrigando
o outro a se conformar com ser um simples sonhador.
Zombar e Desprezar
Uma das formas mais comuns para manter as pessoas humilhadas
é o desprezo.
MarileiResmini fala o seguinte:
Pensando nesta definição em termos discursivos, entendo que o bullying materializa uma relação entre sujeitos que, numa relação de dominação e de forças, estabelecem as normas, as regras de uma relação de interlocução em que não há espaço para a refutação, para a argumentação, mas apenas para a violência – física ou psicológica – e para a dominação. Essa relação desigual pode ser percebida nas seguintes imagens de bullying, que nos revelam situações em que um grupo exerce a dominação sobre alguém que é alvo de agressão e de zombaria. Ou seja: materializam a humilhação como um processo e interlocução sem reversibilidade, sem troca de papeis entre os protagonistas do discurso.
O que faziam Sambalate e
Tobias era bullying: humilhar o outro ao ponto de destruir a humanidade ao
ponto de deixá-lo sem moral nem desejo de viver ou pensar: um ser que respira,
mas não vive. No caso deles era do tipo bullying intimidativo, que é:
“caracterizado pela depreciação e isolamento da vítima do convívio social.”
Neemias tinha dois
inimigos: os externos, visíveis, seres humanos pensantes que sabiam o que
faziam. Por outro lado o inimigo não visível, porém real e interno: as almas
que sucumbiam sob um peso de humilhação e zombaria.
Resposta de Neemias
O verso 20 manifesta a
segurança de Neemias, e ela não estava baseada no seu conhecimento de
construção de muros, nem na sua habilidade como líder, muito menos nos recursos
disponíveis que o rei poderia lhe dar. A fonte da sua segurança era Deus:
(20) Então lhes respondi: O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.
A força das palavras de
Neemias evidencia sua fé: ele estava em Jerusalém por causa do propósito de
Deus com a cidade (não com ele), e o conteúdo dela é maravilhoso:
- O Deus do céu é que nos fará prosperar: Deus como fonte de todo.
- E nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: seremos obedientes ao chamado divino, não ficaremos de fora, nem esperaremos por mais ninguém. Deus mais nós é maioria.
- Mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém: como não eram israelitas, nem muito menos filhos de Benjamim e Judá, os inimigos não poderiam permanecer em Jerusalém. A herança do Senhor é só para os filhos, e não para os estranhos.
Isso
poderia parecer chocante, mas é uma verdade: Deus tem um jeito de lidar com
seus filhos, e outro para lidar com aquele que não é seu. Aconteceu com Faraó e
Israel nas pragas, acontece quando vemos os benefícios do sacrifício de Cristo
na cruz.
Eles
poderiam falar o que queriam, mas suas opiniões não seriam ouvidas por Neemias,
não tinham autoridade para isso.
Para o desprezo e a zombaria, um dos remédios é
ignorar, e fixar a nossa realização em Deus e não em nós mesmos.
A nossa identidade não vem por aquilo que os
outros falam de nós, vem daquilo que Deus diga que nós somos.
Discernir as inteções.
Um líder deve saber reconhecer quando um
comentário vem com boas ou más intenções, muitas vezes as melhores idéias não
são executadas por ouvir demais, outras vezes ocorre o contrário: idéias
terríveis são desfeitas por saber ouvir. Daí a importância que a Bíblia dá ao
fato de saber ouvir, e de saber escolher nossas amizades e conselheiros; nem
todo mundo pode enxergar as coisas com objetividade (muitas vezes nem nós
mesmos conseguimos isso), além disso, aquele que poderia dar um bom conselho um
dia, poderia não ser o melhor para dar outro em outras circunstâncias
(mesmo com boas intenções).
Saber escolher as
amizades e conselheiros se torna uma tarefa difícil para o líder, isso não
acontece recebendo os CV’s das pessoas, vem pela integridade, caráter e comprometimento
com a visão do líder.
Veja como foi o
Neemias com Jerusalém.
Observar antes de falar
As ações que tomou Neemias dão uma ideia do seu caráter e
luta.
(11) Cheguei, pois, a Jerusalém, e estive ali três dias. (12) Então de noite me levantei, eu e uns poucos homens comigo; e não declarei a ninguém o que o meu deus pusera no coração para fazer por Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão aquele que eu montava. (13) Assim saí de noite pela porta do vale, até a fonte do dragão, e até a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam demolidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo. (14) E passei adiante até a porta da fonte, e à piscina do rei; porém não havia lugar por onde pudesse passar o animal que eu montava. (15) Ainda de noite subi pelo ribeiro, e contemplei o muro; e virando, entrei pela porta do vale, e assim voltei. (16) E não souberam os magistrados aonde eu fora nem o que eu fazia; pois até então eu não havia declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos demais que faziam a obra.
Neemias queria saber pessoalmente o estado dos muros de
Jerusalém, por isso percorreu a cidade à noite para confirmar as palavras de
Hanani. O que ele viu confirmou as palavras do seu amigo, ao ponto de não ter
lugar para andar com o animal em que montava (cavalo, burro, isso é irrelevante
aqui).
O mais interessante de todo é que, até então, ninguém sabia
o porquê ele estava em Jerusalém. Certamente ele ia reconstruir os muros, mas
ele não sabia o estado deles, nem muito menos como seria feito isso. Precisava
conhecer muito bem antes de agir.
Se desconhecer, não faça
Ter uma idéia é uma coisa, levar a cabo é outra. Podemos ter
idéias e até poderiam ser bacanas, mas se não são estudadas e analisadas in
situ de nada vale tudo o que pensamos.
Temos uma idéia mais clara daquilo que vamos fazer quando
conhecemos pessoalmente o que vamos fazer, e não simplesmente projetamos no
papel. Acontece muito isso na construção civil: o plano se vê precioso, e o
relevo parece real, mas na hora de construir se percebe que alguns detalhes não
foram estudados; ai muita coisa deve mudar para acabar a construção no prazo
estipulado.
Jesus falou sobre a possibilidade que temos de fracassar por
ter um planejamento ruim, e usou como exemplo uma pessoa que queria construir
uma torre, e um governante que precisava saber se poderia lutar ou não contra o
seu inimigo. Temos que aprender a colocar a fé no âmbito da razão: não é
suficiente crer, temos que estudar e avaliar as opções, se Deus está com a
gente, o planejamento terá sucesso.
Neemias procurava conhecer a fundo a situação real dos
muros. Um líder, às vezes, precisará andar sozinho, na solidão da noite, para
conhecer exatamente a situação dos seus liderados, e as circunstâncias que deve
levar a cabo para o cumprimento. Isso não se faz no meio da multidão, nem muito
menos na frente dos holofotes, é um trabalho de silêncio, entre Deus e ele,
sondando as circunstâncias, e planejando os passos a seguir para o cumprimento
da visão.
Um líder não é a solução dos problemas, na verdade ele é
parte da solução.
O Projeto é revelado
(17) Então eu lhes disse: Bem vedes vós o triste estado em que estamos, como Jerusalém está assolada, e as suas portas queimadas a fogo; vinde, pois, e edifiquemos o muro de Jerusalém, para que não estejamos mais em opróbrio. (18) Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, e bem assim as palavras que o rei me tinha dito. Eles disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
O resultado do percorrido que ele fez pelos muros de
Jerusalém tem o mesmo resultado que Hanani viu naquela vez, com isso em mente
Neemias fala com os líderes da cidade.
Um Diagnóstico sozinho não cura a doença
É normal você ouvir pessoas falando sobre a situação de uma
cidade, vizinhança, igreja, família, etc. isso é a coisa mais simples deste
mundo: todos sabem ver os problemas. Neemias sabia disso, e os anciãos também.
Porém, ele usa o diagnóstico do problema como uma introdução ao projeto
que ele ia apresentar a continuação.
Uma coisa é falar: “Bem vedes vós o triste estado em que
estamos, como Jerusalém está assolada, e as suas portas queimadas a fogo, eu
estou junto com vocês nesta tragédia, e convido a todos para uma reunião para
deliberarmos sobre como vamos sair desta” como você pensa que acabaria essa
reunião quando todos estavam tristes e deprimidos? Certamente não sairia nada
concreto, com discussões intermináveis, e idéias que não teriam nada a ver com
o projeto de Neemias.
O que Neemias fez? Ele apresentou um plano com um testemunho
poderoso de como Deus levou ele desde Susã até Jerusalém.
- Vinde: o convite para trabalhar juntos no projeto de Deus para Jerusalém. Não era O trabalho de Neemias, todos teriam que se envolver para ter sucesso. O mesmo princípio que vemos na Igreja com os ministérios: se todos trabalhamos juntos teremos sucesso, se não, todo reino dividido tende a cair.
- Edifiquemos o muro de Jerusalém: está na hora de agir, acabou o tempo do choro e do lamento, vamos lutar juntos para reconstruir nossa cidade, reedificar os muros antigos, levantar as portas, restaurar a glória da cidade.
- Para que não estejamos mais em opróbrio: tinham que deixar de ser a zombaria dos povos vizinhos, o Salmo 137 deve ser visto como passado, está na hora de construir o futuro em Deus.
A Reação do povo
Eles disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
Deus fortaleceu as mãos do povo, eles foram motivados pelas
palavras de Neemias, e o testemunho dele.
Aprendamos de Neemias a sermos motivadores com a Palavra de
Deus!
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