Nosso mundo Ocidental está vivendo uma etapa de uniformizar
o pensamento: se você pensa diferente do que a “maioria qualificada”, você
corre o risco de ser chamado de “intolerante”, “pessoa fechada”, “arcaico” ou “troglodita”.
Nessa linha de pensamento, vemos como uma maioria da população
brasileira é contrária ao casamento gay (Ibope 04/09/2014), e mesmo assim a
pressão de políticos e da mídia dá a idéia que não é verdade. É a imposição dos
poderosos sobre a população, a ditadura de pensamento, como um preparo da vinda
do Anticristo e o fim da nossa história.
Na época dos apóstolos, os saduceus e fariseus tinham o
controle da religião judaica. Os primeiros tomavam conta dos nobres e do
sacerdócio, e os segundos sobre o povo em geral. Embora com teologias
diferenciadas sobre vários assuntos, mantiveram um relacionamento de respeito e
respeitavam os limites dos outros: afinal, todos precisavam ir ao Templo nas
festas (saduceus) e a leitura da Lei acontecia todo sábado nas sinagogas
(fariseus)
Quando Jesus veio esse equilíbrio se rompeu. As pessoas
seguiam alguém diferente, com uma mensagem que não obedecia aos padrões de
pensamento dos religiosos de plantão (Mateus 7.28,29). E a autoridade de Jesus
não somente fez que as pessoas tivessem um encontro verdadeiro com o Pai, também
fez com que o poder dos fariseus e os saduceus se abalassem. Daí as diversas
tentativas de acabar com a vida de Jesus, e até se uniram para conspirar em
conjunto.
Com a morte, ressurreição e posterior ascensão aos céus, a
jornada continuava para os discípulos. Agora, como uma comunidade de crentes em
Jerusalém, começaram em Pentecostes uma revolução que continuava o ministério
de Jesus, só que agora, com a autoridade delegada de Cristo (Mateus 28.19,20) e
a presença do Espírito Santo sobre eles (Atos 1.8). Os mesmos religiosos que
combateram Jesus lutaram contra a Igreja. E vamos prestar atenção numa conversa
entre os líderes religiosos e a dupla Pedro-João:
E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; (Atos 5:27-30)
Era a segunda vez que foram advertidos a não falar de Jesus,
na primeira vez foi quando o paralítico que estava sempre na porta do Templo
por mais de 40 anos foi curado. Nesta vez foi por causa dos sinais e milagres,
e porque a Igreja já tinha mais de 4.000 membros!
A advertência dos sacerdotes é a mesma que acontece hoje:
- Não falamos para você não falar mais do seu fanatismo aos
seus amigos? Vai ficar sozinho!
- Não dizemos a você que a fé é pessoal? Para de falar como se você fosse o dono da verdade!
- Até quando você vai continuar falando dessa religião? Eu
vou te excluir da minha rede social?
- Se continuar falando da tua fé na sala de aula, vamos ter
que tomar medidas disciplinarias por incitação ao preconceito.
- Deus é o mesmo, não importando a religião nem a fé, para
de falar bobagem!
Ninguém quer ouvir que está errado, e hoje muito menos. As
palavras dos sacerdotes obedeciam à idéia de intimidar os discípulos para que
deixassem de falar. Membros suficientes já tinham, conhecidos pela sociedade
pelas boas ações e pelo amor entre eles. Eram virtuosos e legais. Para que
continuar pregando? Para que continuar querendo que o mundo continuasse sabendo
que Jesus morreu?
Por que alterar o establishment da sociedade? Fazendo
parte dela se contribui ao enriquecimento cultural, lutar para que as pessoas
migrem de crença é romper a convivência e a harmonia entre os semelhantes. Uma sociedade
madura é aquela que aprende a viver na diversidade e no respeito do pensamento
do outro. Os discípulos estavam contra isso. E para dar a cereja ao bolo, se
continuassem falando de Jesus e da sua morte ao povo, todos entenderiam que os
líderes religiosos tiveram parte nisso.
Eles queriam que uma mão lavasse a outra. “Vocês nos ajudam
a que o povo não se lembre da morte de Cristo, e nós garantimos plena liberdade
de culto com os membros que vocês têm”.
Não parece um pouco semelhante com o pensamento de hoje?
O que todos tem a ver com a morte de Cristo na cruz? Por que
o mundo se importa tanto em que a Igreja se esqueça do sacrifício expiatório de
Jesus?
Simples, na cruz está a nossa separação do mundo, ou como
Paulo falou:
Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. (Gálatas 6:14)
A cruz deve ser o tema da nossa pregação
Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem. Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, (1 Coríntios 1:17-23)
Pela cruz fomos reconciliados com Deus.
Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade; (Efésios 2:13-16)
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos; e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz. (Colossenses 1:20; 2:13-15)
A resposta de Pedro é impressionante:
“Nós não vamos entrar nesse jogo”. Vamos obedecer a Deus
antes do que aos homens.
Uma resposta que demonstra o quanto Pedro estava disposto a
assumir o risco de seguir a Jesus a pesar das pressões dos setores mais
poderosos da sociedade. Pedro não se limitou a ficar calado, ele confrontou os
seus adversários apelando ao evidente: Deus é maior do que qualquer outro ser
que se interponha na proclamação do Evangelho.
E Pedro volta a enfatizar a morte de Cristo na cruz como
centro do debate de idéias entre eles e os sacerdotes: aceitem que vocês
entraram em acordo para matá-lo, mas Deus o ressuscitou e agora está na direita
do Pai como Deus e Salvador.
E aqui vem a beleza do finale do discurso de Pedro:
E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem. (Atos 5:32)
Não tem como negar aquilo que é real. E se nós não fomos
testemunhas, temos o Espírito Santo dado por Deus a todos os que crêem.
Que maravilha!
Se o mundo precisa de Deus, a Igreja precisa resgatar Deus
no discurso, a suficiência da Cruz, e uma vida de ousadia na proclamação do
Evangelho.
Não pense que as pessoas vão crer num Deus morto, somos nós
os que vamos manifestar ao mundo a certeza da vida de Deus em nós, Seu eterno
Poder e Bondade para com aqueles que o invocam.
Seja uma testemunha fiel da sua experiência de conversão!
Viva para Glória de Deus.
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