miércoles, 17 de junio de 2015

Vocação, a palavra que não está em alta!


Sou testemunha do esforço das Organizações Missionárias e dos Seminários na hora de captar vocacionados para o serviço ao Senhor de forma integral. Como Diretor Acadêmico do Seminário Batista do Norte de Minas, tentamos caprichar na divulgação da Instituição como uma alternativa de preparo para o vocacionado; como Pastor sei do esforço da JMN, JMM, e Missões Estaduais da CBM para chamar obreiros ao campo. Mas, sem querer parecer pessimista, os resultados nem sempre são os desejados.

O que está acontecendo

Isto me leva a pensar em vários fatores que surgem como contra-mão à vocação, me permita algumas causas que eu tenho visto no meu curto período de vida ministerial a tempo integral:

  • Materialismo e Consumismo como estilo de vida: Somos valorizados por aquilo que temos e não pelo que somos, o que traz problemas na hora de não estar à moda nos dias de hoje.
  • Falsa Espiritualidade: temos uma geração de pessoas que estão lendo muita teologia sem espiritualidade, o que está criando um novo crente legalista, que vive segundo aquilo que lê, mas que o seu relacionamento com Deus está distante e apagado. Para eles, trabalhar com crentes e para crentes é o fim da existência e se esquecem do chamado de Deus para alcançar o mundo.
  • Ênfase no dualismo na Grande Comissão: estão aqueles que ofertam e oram, e os que são enviados ao Campo. Isso é um erro gritante, porque todos fomos chamados a cumprir a Grande Comissão pregando o Evangelho. Além disso, como ouvirão se não há quem pregue? (Romanos 10)
  • Igrejas que esquecem atividades evangelísticas: muitos eventos dentro das quatro paredes do Templo criam comodismo e uma falsa sensação de serviço dos crentes. Na medida em que a Igreja se afasta da Comunidade, vai perdendo sua essência de luz e sal.
  • Apatia para servir: se tem mais um pensamento de paternalismo eclesiástico, as pessoas se congregam para receber e não para serem capacitados a compartilhar.
  • Falta de pregação e ensino sobre vocação: ela se limita exclusivamente a Momentos Missionários, Atividades especiais e formaturas dos Seminários. Esta mensagem é de suma importância, ao ponto que sem um despertar dos vocacionados a Igreja pode perder sua liderança num período de 10 a 15 anos.
  • Lideranças que não desejam a formação de ninguém para evitar ameaças.
  • Crentes magoados e decepcionados com a liderança das suas Igrejas.
  • Desejo de progresso individual acima dos interesses do Reino de Deus.
  • Pouco ensino sobre o Ministério Bi ocupacional "fazer tendas".
  • Deus ausente dos Cultos e da Vida diária.
  • Desconhecimento do significado de vocação e ministério, limitando o sentido do termo a atividades ministeriais eclesiásticas, e não aplicado à vida diária.

O que podemos fazer


Escolher uma vocação - seja lá qual for - é um processo que começa em Deus.

Ele nos criou com um propósito Eterno nele, quer dizer, toda habilidade a nós concedida tem como firme propósito Glorificar ao Único que merece toda Honra e Majestade. Temos que reconhecer que nada do que temos nos pertence, porque todo foi dado por Ele e para Ele.

Como isso em mente, entendemos que não existe distinção entre secular-religioso ou sagrado-profano. Tudo pertence a Deus, e tudo é feito para Deus. Ou como Paulo falou "façam tudo para Glória de Deus".

Vocação, chamada, habilidade, talento, você e eu podemos chamar isso com o nome que achemos mais bonito, mas a verdade é que a origem está em Deus, e a Ele prestaremos conta daquilo que recebemos da sua mão.

Desembrulhar a vida pode não ser uma tarefa fácil se olharmos simplesmente o fator monetário ou fama. Mas se nós entendermos que a vida é além do material, o proveito será maior. Se a isso acrescentamos o fato de entender que quando servimos ao próximo prestamos um Culto ao Senhor, a perspectiva da nossa vocação se potencializa. Tendo como resultado uma qualidade do nosso trabalho porque o nosso chefe é Deus, procuraremos sermos justos e equitativos na hora de administrar os recursos, e seremos testemunhas fiéis do Senhor onde estivermos. 

Nosso lugar no tempo e no espaço será o nosso Campo missionário, e muitas pessoas poderão conhecer Cristo através da nossa vida e palavras. 

Entenderemos que o preparo é importante perante os desafios do mundo hoje, então o Seminário será parte do nosso Currículo acadêmico, assim como é o Curso Profissionalizante ou o Mestrado, porque todos nos preparam para a vida.

Os que tenham vocação para o Ministério integral não terão problema em assumir o Compromisso se entendermos o Serviço como razão e propósito de existência.

As pregações se tornarão mais simples e diretas neste aspecto. Acredito que capacitar pessoas para a vida, e a vida ser vista como um ministério dado por Deus deve ser a chave do sentido da vocação hoje, um pensamento contrário a isto pode fomentar a alienação que temos com a sociedade.

Promover vocacionados a missões, principalmente naqueles que tem uma profissão para serem bi ocupacionais no mundo. Fomentar o intercâmbio entre outras frentes de trabalho e despertar o espírito missionário nas Igrejas, eliminando o dicotomismo secular-sagrado ou ofertar - enviar. Temos que parar com isso!

Conclusão

Sempre haverá esperanças de mudanças, e eu acredito piedosamente nisso. Basta nos dispor a cumprir o nosso papel como Igreja de Cristo, sendo luz e sal no meio da sociedade, e fazendo de tudo para anunciar o Evangelho até os confins da terra.

Porque todos somos vocacionados!

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